mostrar a 'turminha' crescida e, para isso, Maurício de Souza aposta no estilo
de quadrinhos japonês - o 'mangá'.
Confiram abaixo a crítica enviada pelo nosso colaborador, Netsuke!
Boa leitura!
Por Netsuke
Quando foi anunciado, no início do ano, que iriam “envelhecer” a Turma da Mônica, muitos fãs reclamaram. Em Julho, com o lançamento da Edição Zero no Anime Friends, mais gente torceu o nariz e criticou. Mesmo assim a Panini lançou a primeira edição de Turma da Mônica Jovem, que parece ser menos “terrível” do que muitos acreditavam.
Como o próprio nome já diz, a turminha cresceu e agora são todos adolescentes. A Mônica já não é mais baixinha e gordinha, o Cebolinha fala certo, a Magali se preocupa com sua alimentação e o Cascão agora toma banho. E foi essa adaptação dos personagens que desagradou aos fãs mais conservadores. Concordo que um pouco do charme da turma tenha se perdido com essas mudanças, mas à medida que eles vão envelhecendo vão deixando essas características típicas da infância para trás, assim como todos nós deixamos um dia. Ou queriam que o Cascão ficasse mais 8 anos sem tomar banho e se tornasse um verdadeiro desastre ecológico?
De fato alguns personagens acabaram sofrendo mudanças desnecessárias, como o Capitão Feio e o Louco. O primeiro agora se chama Poeira Negra e em nada lembra o personagem divertido que era e o Louco, que sempre foi meu personagem preferido, se tornou um professor que não faz nada além de gritar nos míseros três quadrinhos em que aparece. Outro personagem que teve uma adaptação bastante infeliz, embora bastante estilosa, foi o Anjinho, que adotou o ridículo nome de Céuboy, em uma tentativa frustrada de homenagear o Hellboy.
A história é a seguinte: há muito tempo atrás uma terrível bruxa foi aprisionada por quatro guerreiros em uma pedra, que agora está em exposição no Museu de História do Limoeiro. Acontece que o Capitão Feio (me nego a chamá-lo de Poeira Negra!) invade o museu e liberta a tal feiticeira de sua prisão. Os pais dos protagonistas, que na verdade são a reencarnação dos antigos guerreiros, são feitos reféns e Mônica e companhia terão de viajar por quatro dimensões para encontrar quatro artefatos que juntos podem derrotar a vilã e salvar seus pais.
Por se tratar da primeira edição, é difícil definir o enredo como bom ou ruim, já que é apenas a introdução do arco “As 4 Dimensões Mágicas” e não há um enredo que possa considerado bom ou ruim. O problema é que algumas informações são arremessadas de pára-quedas para o leitor e acabam sendo mal-explicadas, como o modo que os pais dos personagens lembram-se de suas vidas passadas, mas é algo que pode ser explicado melhor em edições futuras e não chega a comprometer o desempenho final da edição. Ao menos a cena da próxima edição dá a entender que as coisas ficarão bem divertidas.
O estilo de história mais voltado para o estilo mangá também incomodou os fãs (notem como os fãs se incomodam com tudo!), já que fugia da maneira descompromissada e inocente com a qual as histórias foram levadas por mais de quatro décadas. De nada adiantaria fazer com que os personagens crescessem se o enredo não os acompanhasse e, até agora, está conseguindo cumprir bem esse papel. Só achei que houve um excesso desnecessário de poses e expressões de mangá. Que tipo de pai se despede da filha fazendo o sinal de vitória?
Não é segredo para ninguém que transformar a Turma da Mônica em adolescentes foi uma tentativa de atrair leitores da mesma faixa etária. Esses leitores estão interessados em histórias mais voltadas para a ação do que para o cotidiano, vide o sucesso de animes como Naruto ou Bleach, e é por esse caminho que Maurício de Sousa está tentando levar seus personagens. Como ele mesmo diz no editorial da revista, isto tudo é uma experiência e aos poucos
Por se tratar de algo novo no mercado de quadrinhos nacionais, Turma da Mônica Jovem é uma boa diversão, mas deve ser lida com a mente aberta e sem qualquer conservadorismo. Deve-se levar em conta que os personagens cresceram e que você não vai encontrar o mesmo estilo que encontra em uma revista tradicional do Cebolinha, por exemplo. As propostas de cada revista são completamente diferentes, mas nada impede que você se divirta lendo as duas e, mesmo que você seja um fã xiita da turminha, vale conferir.
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