Os quadrinhos de Flávio Luiz
Flávio Luiz é um desenhista baiano que começou a ganhar destaque na mídia especializada em 1999, quando recebeu o Troféu HQ Mix pela primeira edição da revista independente Jayne Mastodonte Adventures. O segundo número só saiu sete anos depois. Alguém pode brincar dizendo que a demora é decorrente do fato do autor ser baiano, mas a verdade é que não é fácil o caminho para publicar uma revista de forma independente. Tanto que essa segunda edição só foi viabilizada através de lei de incentivo e um terceiro número ainda não saiu.
Jayne Mastodonte é uma leitura divertida, com uma história leve e sem nenhuma pretensão. O traço de Flávio Luiz tem influência cartunesca e serve perfeitamente para o humor da história, mas a verdadeira demonstração de seu talento ainda estaria por vir.
Lançado em 2006 pela Opera Graphica, o álbum O Messias não tem um diálogo ou texto sequer, a trama é toda contada através dos desenhos. Com roteiro de Gonçalo Júnior, conta a história de um garoto que nasce na favela, torna-se chefe do tráfico de drogas e, imaginando-se com poderes divinos, declara guerra aos poderes do Estado e aterroriza a população. Ironicamente, o álbum foi lançado na mesma época que ocorreram os ataques do PCC em São Paulo. Mesmo com a história ocorrendo no Rio de Janeiro, havia uma estranha similaridade com a realidade.
O desenho de Flávio foi o responsável por não deixar o álbum sombrio e com uma violência gráfica exagerada. Seu traço conferiu humanidade aos personagens e deixou o leitor próximo a eles. Além disso, apresenta uma ótima narrativa visual, fazendo qualquer texto realmente desnecessário e desenvolvendo a história de maneira bastante ágil e ao mesmo tempo intensa.
Seu lançamento mais recente é Aú, o Capoeirista, um álbum colorido, no formato dos lançamentos europeus, com capa dura. A história não poderia ser mais brasileira, ou melhor, baiana. Tem como cenário as ruas do Pelourinho, onde o personagem-título joga capoeira com os amigos. Aú conhece uma turista francesa e a convida para uma festa mais tarde. No caminho, a garota tira fotos de um incêndio criminoso promovido por um empresário local que pretendia comprar um antigo sobrado para encobrir seus negócios sujos. A turista é capturada e levada para a ilha particular desse empresário. Aú vai até lá para resgatá-la.
É uma história destinada ao público jovem, com humor na medida certa e boas cenas de ação. Novamente Flávio Luiz faz um bom trabalho de narrativa visual, principalmente na parte final da história. O uso das cores também valorizou a obra, tornando-a atraente. Espera-se que consiga o devido sucesso e outras histórias sejam publicadas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário