quinta-feira, maio 10, 2007

HOMEM-ARANHA 3










Homem-Aranha 3 é apenas uma boa aventura
Rober Machado

Pelas notícias recentes, Homem-Aranha 3 anda quebrando vários recordes de bilheteria. Há uma campanha milionária em torno do filme, que se tornou um verdadeiro “arrasa quarteirão”. Em Curitiba, a produção ocupou metade das salas existentes na cidade. Os produtores apostaram alto na expectativa gerada pelos filmes anteriores, principalmente a segunda parte, uma das melhores adaptações de super-heróis para o cinema.
Em meio a tantos números e cifras milionárias é hora de perguntar se o produto em si é um bom filme, algo que merece ser visto. A resposta é sim, mas (tinha que ter um “mas”) é bem inferior aos anteriores. Enquanto o segundo era um grande filme, Homem-Aranha 3 é somente uma boa aventura. Na segunda parte, o clima era mais envolvente, o público torcia pelo herói, neste assiste-se mais passivamente suas desventuras.
É possível apontar ainda mais problemas, como o enredo no qual tudo acontece em torno de Peter Parker e de seus conhecidos; em tudo há alguma ligação com ele. Tantas coincidências deixam a história um pouco inverossímil. Tudo bem, a existência de uma pessoa com poderes de aranha é mesmo inverossímil, mas até no reino da fantasia é necessário uma certa coerência interna da narrativa.
O diretor Sam Raimi parece querer agradar tanto os fãs mais recentes do Aracnídeo, com o vilão Venon, quanto os mais antigos, com a presença de Gwen Stacy. Em entrevistas da época do lançamento do segundo filme, Raimi disse que não incluiria Venon nos seus filmes por não gostar do personagem e não achar que rendesse muito no enredo proposto. Talvez por pressão dos fãs e dos produtores, Raimi voltou atrás. A verdade é que Venon não rendeu muito, como o diretor previra. Enquanto a parte do uniforme negro e a rivalidade com Eddie Brock foram bem desenvolvidas, a aparição de Venon na parte final está ali mais para fornecer a dose de ação necessária nessa parte do filme.
Já Gwen Stacy parece ter sido inserida à força na trama. Quem conhece as histórias antigas do Aranha sabe que a garota tem uma relevância muito grande na vida do herói. No entanto, da maneira como foi adaptada para o cinema, não existe mais espaço para desenvolver a história de Gwen Stacy de modo adequado. Sua importância na trama é pequena e outra personagem qualquer teria provocado o mesmo efeito.
O que continua bem é abordagem dos personagens principais, em especial o trio formado por Peter, Mary Jane e Harry Osborn. Tobey Maguire continua sabendo dosar o heroísmo e o lado nerd de seu personagem, além de mostrar um pouco do seu aspecto sombrio. O humor continua bem dosado - mesmo que J. Jonah Jameson apareça em menos cenas do que no segundo filme. Apesar de aparecer com parcimônia, ainda assim é um dos destaques. Outra participação digna de nota (e impagável) é a de Bruce Campbell num restaurante requintado. Há uma seqüência musical hilária que lembra Os Embalos de Sábado a Noite, que faz rir pelo ridículo da situação.
Homem-Areia é um personagem bem explorado no filme, tanto pelo seu lado humano quanto pelos seus poderes. O que é bastante discutível é o fato de terem incluído sua participação na morte do Tio Ben. Os efeitos visuais são um espetáculo na composição do vilão, que proporciona ótimas cenas de ação no longa.
O filme tem sua estrutura muito parecida com um arco de histórias em quadrinhos, com várias partes formando uma história maior. O único problema é que na parte final tudo acontece abruptamente para se ter uma grande seqüência de ação.
No fim das contas, Homem-Aranha 3 parece ter mais erros do que acertos. Isso não invalida a ida ao cinema para curtir mais uma aventura do Aracnídeo mas, pelo nível dos dois primeiros, esperava-se bem mais desse.
De forma pálida, essa terceira parte talvez encerre a “fase Sam Raimi” com o personagem, mas pelo lucro gerado, dificilmente deixaremos de ver nas telas novas aventuras do Amigão da Vizinhança.

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