Lendas japonesas
Rober Machado
Para comemorar o centenário da imigração japonesa no Brasil vários eventos estão acontecendo pelo país. A área editorial também aproveita o momento e lança algumas obras relacionadas ao tema. Uma delas chama a atenção de leitores de quadrinhos que conheçam um pouco do histórico dessa arte no Brasil. O livro Lendas Trazidas pelos Imigrantes do Japão foi escrito e ilustrado por Claudio Seto, um dos pioneiros do estilo mangá no país.
Seto começou a produzir quadrinhos na década de 60 e na editora Edrel criou histórias envolvendo samurais e ninjas, numa época que ninguém sabia direito o que significavam esses termos. A editora Devir prometeu um volume reunindo essas histórias de samurai, mas o lançamento foi adiado devido a problemas em adaptar o material original. Por enquanto a editora lançou esse livro de lendas, que também é bastante significativo.
O livro reúne 15 lendas, em formato de contos, entre mais de 200 publicadas no jornal Nippo Brasil, no qual Seto mantém uma coluna desde o ano 2000. As lendas são de diversas temáticas, envolvendo princesas, pescadores, monges e seres fantásticos. Vale destacar que nem todas possuem um final feliz como nas fábulas ocidentais. No caso de O Vaqueiro e a Bruxa da Floresta, o final é bem desconcertante. Como o próprio título indica, são textos coletados entre os imigrantes, mas Seto também realiza um trabalho de pesquisa sobre as mesmas e inclui comentários sobre a época e local que surgiram, além de algumas curiosidades.
Um dos principais destaques é a lenda A Gratidão da Garça, uma das mais populares no Japão. Nesta versão, Seto homenageou a literatura de cordel, redigindo o texto na forma de versos. O conto ganhou um tratamento especial no livro com o papel imitando os livrinhos de cordel publicados no Nordeste. É um belo exemplo do que pode render uma interação entre Brasil e Japão.
Como o livro é ricamente ilustrado, pode-se notar a versatilidade do talento de Seto nos desenhos. Apresenta diversos estilos, variando desde um traço estilizado até um desenho mais realista, dominando-os com maestria.
A Devir produziu uma edição uma edição com um bom padrão de qualidade, talvez um pequeno ajuste poderia ser feito. Alguns termos em japonês recebem a tradução ou explicação do seu significado no próprio texto, entre parênteses, porque provavelmente é assim no texto original, pois foi publicado num jornal. Para um livro, ficariam melhor como notas de rodapé, ajudaria na fluência do texto. Nada que tire o brilho dessa edição, um lançamento bastante interessante para quem se interessa por cultura japonesa.
Lançamento do livro e sessão de autógrafos :
dia 26/06,quinta-feira
a partir das 19:30 hs
nas Livrarias Curitiba-Megastore do Shopping Estação
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