Revistas independentes que primam pelo trabalho visual
Rober Machado
Lagoa Zumbi
Lagoa Zumbi é um trabalho de 2005 realizado por Rodrigo Guinski. Trata-se de uma história inspirada nos clássicos filmes de zumbis e que não tem nenhuma palavra, toda a ação desenvolve-se pelas imagens.
Após ter o carro quebrado no meio de uma estrada, duas amigas são forçadas a passar a noite à beira de um lago numa floresta, onde são atacadas pelos zumbis que emergem da lagoa. Uma delas consegue escapar e vai parar num estranho local.
O roteiro não apresenta grandes inovações, aliás baseia-se em premissas já conhecidas de quem já viu algum filme de terror, não necessariamente de zumbis. O grande destaque fica por conta da arte, toda em preto e branco, lembrando gravuras. Não só são bons desenhos, como conseguem narrar a história de forma ágil dispensando totalmente as palavras. Ainda fica o exercício de identificar algumas personalidades retratadas nos zumbis. Na parte final, talvez pelo excesso de virtuosismo, o desenho se impõe ao roteiro, criando experiências gráficas que confundem um pouco o desenrolar da trama e forçam o leitor a reler a sequência para tentar entender o que aconteceu.
A edição ainda é acompanhada de alguns brindes que enriquecem ainda mais o belo trabalho gráfico.
Picabu
Em meio a diversos lançamentos de quadrinhos independentes, alguns autores estão seguindo o difícil caminho do experimentalismo. Apenas uma pequena parcela de leitores aprecia esse tipo de quadrinho que explora os limites da narrativa gráfica e produz resultados muitas vezes difíceis de serem avaliados.
A revista Picabu retoma um projeto que estava parado há 17 anos. Editada
Um dos destaques é o trabalho de Rafael Sica, com duas histórias: Hiato e Hongo. Sica produz ótimas tiras experimentais que são publicadas no seu blog, por isso já tinha uma larga experiência para desenhar uma história de algumas páginas nesse estilo. Outro destaque também desenhou duas histórias para a revista, Nik Neves. São histórias que despertam sentimentos diferentes, numa é pura tristeza, O Homem Sedento (com roteiro de Leandro Adriano), enquanto Magique provoca um sorriso no leitor.
Cada história possui uma ilustração de entrada desenhada por um outro artista, como se fosse uma capa, mostrando que há unidade na proposta da revista e também dá uma identidade para ela.
Samba
Outro trabalho experimental é a revista Samba, mas essa talvez agrade menos os leitores. Não uma unidade temática e os autores ousam bastante nas histórias, a ponto de parecerem apenas fragmentos de histórias, às vezes sem um sentido aparente.
Duas histórias aparentemente mais tradicionais satirizam outros gêneros, como antigas histórias de super-heróis e de seriados japoneses. Capitão Átomo, de Gabriel Mesquita, traz um interessante trabalho de cores e sai melhor que Billy Soco, de Gabriel Góes e Vitor Brandt, com seus desenhos quase infantis.
Outros destaques que também trazem desenhos interessantes são Rockets, de Gabriel Góes, e Burlesqueria, de Luda. Ao longo da edição há páginas desenhadas por LTG, que lembram o estilo das tiras desenvolvidas atualmente por Laerte, que deixam o humor de lado e provocam a reflexão.
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