quinta-feira, outubro 15, 2009

Quadrinhos na China

Benjamin na ponta esquerda e Patrick Abry de camisa vermelha acompanhados pelos tradutores.


O bate-papo “Quadrinhos na China” contou com a participação do editor Patrick Abry e do quadrinista chinês Benjamin (que se mostrou muito tímido mas aparece sambando no blog da editora).

O francês Abry é fundador da editora chinesa de quadrinhos Xiao Pan e do festival de quadrinhos franceses em Pequim (criado em 2005). Seu objetivo é apresentar a grande diversidade de HQs chinesas ao mundo, pois se antes elas eram usadas apenas para propaganda, nas décadas de 80 e 90 uma nova geração surgiu.

Ele abordou em sua fala as dificuldades do mercado de quadrinhos chinês, que ainda é muito novo. Disse que não há estrutura para sustentar os artistas e que há muita censura. Não se fala de sexo nem política e violência aparece de forma “adequada”.

Pela sua editora foram publicados cerca de 70 álbuns, mas a maioria das séries chinesas são curtas. Publicar um volume já traz muitas dificuldades, talvez venha daí a inveja que Abry afirma existir às vezes do mercado japonês.

Assim como Benjamin (pseudônimo tirado do filme A primeira noite de um homem), os novos quadrinistas são autodidatas e fazem tudo por si mesmos. A internet possibilitou o acesso a outras culturas e a trabalhos de artistas de todo o mundo. O quadrinista publicou Orange na China mas teve de mudar certas cenas, consideradas “sugestivas”. O mesmo álbum foi publicado na Argentina e nos EUA.

Benjamin afirma sentir muita restrição na China e que fazer uma manifestação revolucionária pelos quadrinhos seria muito difícil: pelo governo e pelo público, o qual é composto por jovens normalmente mais interessados em histórias de amor do que em política. O artista diz que não deseja morar no exterior – ele ainda é muito inspirado pela China.

O editor Patrick também desaconselha essa mudança a quadrinistas chineses. Pela grande diferença cultural e porque os ganhos pela venda de trabalhos na europa, transformados na moeda chinesa, são suficiente para se viver bem na China (o mesmo não seria possível na Europa).

Benjamin começou com desenho tradicional mas agora é adepto do tablet, o qual ele usou durante a palestra. Ouvidos atentos às palavras dos tradutores, os olhos pousavam sobre o desenho que Benjamin ia criando com muitas cores, inspirado pelo céu de Belo Horizonte.



por yasmin

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