segunda-feira, dezembro 28, 2009

"FRACTAL"- resenha de LIELSON ZENI



Fractal, de Marcela Godoy (roteiro) e Eduardo Ferigato (arte)

A Devir é uma editora que publica muito quadrinho nacional de autor. Por mais que a qualidade varie bastante, é uma iniciativa louvável, afinal os quadrinistas nacionais têm que ter um espaço para mostrar ao público o seu trabalho. Pois sem a apreciação, não pode haver o retorno; e sem o retorno, por sua vez, não pode haver a avaliação e o aprimoramento dos artistas de quadrinhos.

E se abrir essa porta já é digna de louvor, fazer passar por ela autores competentes é ter Fractal como resultado.

Importante lembrar que essa HQ foi contemplado no PROAC (Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo) e, portanto, recebeu subsídios do estado. Bem que o Paraná podia ter um programa de incentivo desses.

De volta ao que importa. O álbum é curto: uma história centrada em um personagem principal, com reviravolta final e tudo mais que manda a cartilha da história policial. Fractal é a investigação policial em busca de um serial killer à solta em São Paulo.

O personagem principal é Liel, um perito da divisão de homicídios da Polícia, que além de ter que parar esse serial killer, ainda tem uma série de problemas com sua namorada, Isadora.

A ambientação paulistana, tão marcadamente urbana, conta a favor do desenvolvimento do roteiro de Marcela Godoy. Embora algumas situações sejam um pouco “já usadas demais”, o enredo é convincente e prende o leitor. A autora passou 4 messes acompanhando a perícia da divisão de homicídios para poder desenvolver os personagens e o cenário da trama. A chocante cena que abre a obra foi presenciada pela roteirista e transcrita como ficção. Destaque também para o texto, que é muito bom.

A arte de Eduardo Ferigato é bastante competente e detalhista. Embora seu desenho não seja de muitos traços, optando por formações mais econômicas, não há prejuízo pro realismo – que é importante nesse álbum -, nem para o detalhamento – que também é muito importante para essa história.

O álbum contou com apoio do pessoal do Quanta Estúdio. A própria Marcela Godoy revela que essa história foi “encomendada” por Renato Guedes (Action Comics), que acabou sem tempo para desenhá-la, passando os lápis para Eduardo Ferigato. Sem falar que a bela capa é de Marcelo Campos (Quebra-Queixo).

Tudo somado, Fractal funciona direitinho. Imperdível para os fãs de histórias de crime e mistério.



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