FIQ: Giancarlo Berardi

Berardi foi um dos destques do FIQ

Rober Machado

O criador de Ken Parker e Julia foi um dos grandes destaques dessa edição do FIQ. Convidado para ministrar uma oficina e fazer um bate-papo com o público, Giancarlo Berardi esteve presente em todos os dias do FIQ com sua simpatia e conheceu inúmeros fãs. Acompanhado de sua esposa, que é muito parecida com sua personagem Julia, Berardi fez questão de acompanhar várias palestras e conhecer as publicações brasileiras.

Na oficina, Berardi comentou sobre o emprego da técnica cinematográfica em seus quadrinhos, que a partir de 1974 deixou de usar recordatórios e balões de pensamentos. Assim, a narrativa desenvolve-se visualmente, com um ritmo semelhante ao cinema. Procura deixar um texto sintético, somente o necessário. Mas ao redigir o roteiro, é necessário ser bastante detalhista nas descrições para que o desenhista saiba o que fazer.

Sobre Ken Parker, afirmou que somente voltaria a escrever histórias se encontrasse um editor que bancasse publicar a quantidade de revistas necessárias para fechar a saga, sem se preocupar com o número de vendas. Berardi não quer cancelar Ken Parker pela terceira antes do fim. Por enquanto, Ken Parker é o único italiano no mundo que permanece preso.

Ainda sobre falando faroeste, Berardi desfez inúmeras idéias que temos sobre os tempos do Velho Oeste. Disse que muita coisa foi inventada pelos filmes de Hollywood, como os duelos, roupas e até os coldres. Na época do Velho Oeste não existiam coldres como vemos nos filmes, os homens colocavam as armas por dentro da calça na frente do corpo e isso causava vários acidentes como você pode bem imaginar. Mesmo pesquisando bastante sobre o período, Berardi utilizou muitos dos mitos do faroeste para escrever Ken Parker. Afinal, quando a lenda é mais interessante que o fato, utiliza-se a lenda.

Para Berardi, a pesquisa é fundamental. Antes de começar a escrever Julia, pesquisou durante 4 anos sobre os assuntos relacionados à série, leu cerca de 150 livros e se inscreveu numa faculdade para um curso de criminologia. Só assim consegue dar veracidade nas histórias que escreve.