sábado, setembro 05, 2009

7 VIDAS - por Lielson Zeni




7 Vidas – André Diniz e Antonio Eder

Esse álbum é o registro da terapia de regressão feita pelo roteirista André Diniz. E eu, que não acredito em vidas passadas fui cheio de cuidados pra dentro da história. Sente li e comecei a me interessar e quando vi, tinha chegado ao final. E mais: estava entusiasmado com a história. Ou seja, quebrei a cara e meus pré-conceitos.

Não que depois da leitura de 7 Vidas eu tenha resolvido fazer regressão ou agora acredite em vidas passadas. Nada disso, até porque o importante aqui não é acreditar ou não em reencarnação. Mais ou menos como você não precisa acreditar no panteão grego pra curtir as histórias de Hércules, por exemplo. Isso acontece porque a intenção de Diniz não é fazer propaganda de um processo terapêutico ou de um tipo de crença – o próprio autor se mostra bastante cético quanto a reencarnação.

A ideia é nos mostrar momentos interessantes de sua vida - talvez escrever o roteiro dessa história até tenha vez no tratamento de pelo qual o autor passou, mas não é isso que importa. O que cativa o leitor nesse álbum é o envolvimento com os dramas e descobertas do personagem André Diniz – sim, é um material autobiográfico – e as suas questões que o tratamento ajuda responder pouco a pouco.

A auobiografia dessa fatia da vida de Diniz é muito interessante, tratada de modo bastante humano e sensível. Entra em campo a imensa experiência do autor com quadrinhos, que transforma esse recorte autobiográfico em história em quadrinhos de primeira.

Pra quem não sabe, André Diniz tá nessa vida de escritor de quadrinhos há muito, muito tempo. Aqui você pode conhecer o trabalho dele (www.nonaarte.com.br) e aqui baixar algumas das histórias que ele já fez (http://www.acervohq.quadrinho.com/capa/).

O roteiro de Diniz e a arte de Antonio Eder formam um dupla bastante competente e que sabe jogar juntos. Eles já criaram anteriormente o divertido Chalaça, o amigo do imperador, publicado pela Conrad.

Eder, que usa de um traço caricato nessa história, sabe conduzir muito bem a história. O seu traço simples alivia algumas passagens mais fortes de 7 vidas – sobretudo aquelas relacionadas à perna esquerda do personagem – o que evita que a história assuma um tom mais de mistério ou aventura, que não parece ser a intenção da história.

O final da história é tocante e muito bonito. Não é possível terminar a leitura sem um sorriso cúmplice com o personagem, que passamos a conhecer muito bem depois de mais de 100 páginas. 7 Vidas – A aventura de uma pessoa em seus passados não chega a ser uma terapêutico pro seu leitor, mas é sem dúvida nenhuma uma grande leitura.

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