quarta-feira, junho 09, 2010

Sua Santidade,a Seriedade- de Lielson Zeni




Sua Santidade, a seriedade

Não é de hoje que a divisão entre o ‘engraçado’ e o ‘sério’ é feita. Aristóteles já dividia as tragédias gregas, em sua Poética em comédias e tragédias, sendo as últimas responsáveis pelos grandes temas e às comédias reservou-se um livro inteiro, que o tempo emprestou e não devolveu à biblioteca das grandes obras da humanidade.

E já nessa divisão aristotélica, a comédia ganha a etiqueta de arte menor, perante a epopeia e a tragédia. Começa aqui uma longa luta teórica busca provar ser a comédia e a tragédia realmente duas metades de uma mesma face. Como o apolo-dionisíaco. Como a pizza meio queijo, meio presunto. Aos interessados, vale a leitura de Mikhail Bakhtin sobre o riso popular na Idade Média a partir da obra do autor francês Rabelais. Mas nesse blog falamos de quadrinhos.

Já chegaremos lá, acredite. Bem, se é menor não é algo tão digno quanto maior. E logo, não pode ser sagrado. Coisa levada muito a sério pela religião cristã medieval. E as igrejas se mudam pra bem longe das piadas. Desde então o riso é quase pecado. Senão mais grave. O leitor pode ver E ler O nome da rosa, de Umberto Eco a esse respeito.

Em nossos tempos, queimamos mais pastéis que infiéis, mas as trapalhadas, desculpas e habemus papam da igreja ainda surtem algum efeito. E nesse cenário ameno, em que o cômico é profano, podemos ler Deus por Laerte.

E nas tiras do autor paulista é possível conhecer uma visão muito engraçada do criador. E sem tentar chocar ou provocar aqueles que nEle creem. As piadas são excelentes. O trabalho de Laerte é aquele já conhecido dos leitores, ou seja, excelente.

Uma perspectiva humana e cômica é dada a Deus e o diabo sob o sol do traço de Laerte. É possível gostar de Deus, sem temê-Lo. As igrejas podem aprender uma coisa ou duas com Laerte. E quem sabe convencer mais pessoas à palavra de Deus ao não se levar tão a sério.


por: http://lielson.posterous.com/

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